Eu sempre convivi com esse assunto na minha vida. Vi muitos amigos meus sofrerem Bullying na escola e até eu mesma já sofri. as maiores cicatrizes estão dentro de mim. O bullying que eu sofri foi psicológico. Creio que hoje em dia é o que a maioria das pessoas sofrem.
Cada pessoa é especial a sua maneira... Cada característica é algo único e pessoal, uma coisa só sua que nínguem jamais irá mudar. Só que as pessoas parecem que não entendem isso e acabam por machucar as pessoas e deixa-las mal simplesmente por serem quem são.
Quem machuca em momento algum para pra pensar os traumas e as feridas que causam ao outro.
Desde que me entendo por gente tenho essa aparência. Magricela de cabelo volumoso. Acho que isso incomodava algumas pessoas. A fase com que eu mas sofri com isso foi entre meus 5 e 10 anos, onde as pessoas não se intimidavam em xingar e humilhar aqueles que não estavam no "Padrão de Beleza" que elas consideravam o certo.
As ofensas começaram na primeira série (antes disso eu não sabia o que era preconceito)... No inicio eram só apelidos: Magrela, Espanador, Vassoura, Olivia Palito... coisas do gênero. Por ser tímida, e não saber nada a respeito não falava nem pra minha mãe e nem pra professora.
Aquilo acontecia tanto que eu cheguei a acostumar. O interessante é que a turma que praticava isso contra mim continuou estudando comigo nos anos seguintes e nos seguintes... E mesmo crescidos continuaram com o preconceito. Só que com eles também cresceram a vontade de humilhar e machucar... Fora os apelidos passei a levar empurrões no intervalo, e graças a eles muitas quedas e muitas feridas das quais hoje tenho muitas cicatrizes espalhadas pelo corpo. Levava puxadas de cabelo, me trancavam no banheiro e certa vez me seguraram e cortaram meu cabelo com o estilete da professora. Mais nunca dizia nada pra ninguem.
Aguentava calada tudo que faziam comigo... A partir do momento que eu começei a chegar machucada em casa, minha mãe começou desconfiar, só que eu sempre dava um jeito de contornar a situação, por medo de que eles fizessem algo pior comigo, medo de que eles deixassem mais do que marcas.
Passei a usar a biblioteca como esconderijo e foi onde eu me apaixonei pela leitura. Eu fiz do meu esconderijo bem mais que um refugio, fiz uma fortaleza cheia de príncipes, princesas, castelos, e finais felizes; o único lugar onde eu conseguia ficar a salvo dos Bullies e ser feliz.
Hoje não tenho vergonha de mim... assumi minha "JUBA" e meu corpo esquelético e aprendi a me amar independentemente daquilo do que esta ou aquela pessoa diz a meu respeito. Deus me fez assim e eu me amo do jeito que eu sou, pode parecer meio narcisista, mais não é, trata-se do amor próprio acumulado que não foi utilizado na infância.. "Cada um é perfeito a sua maneira" como diz Lady Gaga. Enfim, acho que tudo que aconteceu de certa forma me ensinou que as pessoas tem que ser amadas por aquilo que são, aquilo que carregam dentro de si e só.
Faço o 4° ano do Magistério e decidi que o meu Tcc terá o Bullying como tema. Quero falar um pouco das experiências sofridas por mim e pelos meus amigos. Agradeço muito a Capricho por ser essa fonte inesgotável de conhecimento e emoção, pra algo que é tão importante na minha vida. Obrigado por me ajudarem tanto... Amo Vocês ♥
( Depoimento/Comentário à Capricho na campanha "Diga não ao Bullying" )